Saber se relacionar, se comunicar e trabalhar em equipe são algumas das habilidades vistas como essenciais em uma vaga de trabalho. E a infância é justamente a fase em que elas têm mais potencial para serem desenvolvidas.
O aparelho neurológico das crianças funciona igual ao dos adultos: elas têm os mesmos tipos de sentimentos. No entanto, ainda não sabem identificar o que cada um deles significa.
As competências socioemocionais estão relacionadas ao entendimento da criança sobre ela mesma e sobre o mundo e se desenvolvem a partir do cotidiano e das vivências. Essas características estão associadas ao desenvolvimento cognitivo e ao aprendizado. “Elas pertencem a um conjunto de habilidades que o indivíduo possui e que o ajuda a compreender e a lidar com as próprias emoções, bem como desenvolver o autoconhecimento, relacionar-se com o outro, ser capaz de colaborar, mediar conflitos e solucionar problemas”, explica Tonia Casarin, educadora e autora do livro Tenho Monstros na Barriga, que em parceria com a Dentro da História, Edtech brasileira que atua na personalização de livros infantis, lançou os títulos Conhecendo o Monstrinho do Medo e Conhecendo o Monstrinho da Ansiedade, como ferramentas para auxiliar as crianças – e os pais – neste processo.
O primeiro contato com os sentimentos se dá de uma forma primitiva, por meio da emoção, que é um estímulo. “É importante explicar para as crianças quando cada emoção desperta e nomeá-las, para ajudá-las a desenvolver esse autoconhecimento, lembrando que uma mesma emoção pode se despertar de modos diferentes em cada pessoa”, ressalta Luciana Patrocínio, gerente pedagógica do programa Líder em Mim que propõe levar para as escolas, de maneira estruturada, o desenvolvimento dessas competências.
O papel dos pais neste processo, portanto, é explicar o que a criança está sentindo e sempre oferecer alternativas para que ela saiba lidar com aquele sentimento de diferentes formas. É importante ressaltar que o mundo ainda é um ambiente novo para os pequenos que, curiosos, fazem muitas perguntas e tendem a repeti-las quando sentem que seu desejo por compreensão não foi atendido. Mesmo que você ache que seu filho não está te entendendo, saiba que ele tem a capacidade de coletar toda a informação que chega até ele. Então, é essencial que ele se sinta ouvido e que suas emoções sejam acolhidas, para que seja criado um espaço seguro e de confiança.
Como são os primeiros modelos para os filhos, os pais precisam estar atentos no dia a dia. “Se os adultos realizam o exercício de nomear suas emoções, como em ‘Hoje a mamãe está triste por isso e aquilo e preciso disso’, eles se tornam um modelo real”, diz Luciana. Perguntar também é importante e a criança tem capacidade de responder, do seu próprio jeito. Faça perguntas como “Por que você está assim?” e “O que você está sentindo?”. Mas cuidado com as afirmações, que podem rotular seu filho e ter um papel aprisionador, em vez de estimular.
A tecnologia também pode ser uma barreira para este processo. “O advento da tecnologia faz com que a gente esteja em casa sempre ligado, o que ‘rouba’ o tempo em que deveríamos observar a criança, descobrir o que ela está sentindo e dar o auxílio necessário”, adverte Rafaela Teixeira, analista de comportamento e psicóloga da Paraná Clínicas (PR).
As crianças que se sentem ouvidas e gerenciam melhor suas emoções tendem a se tornar adultos mais seguros, extrovertidos e conscientes. Já os pequenos que não são estimulados a compreender seus sentimentos podem ficar mais introvertidos, com medo de frustrações e do contato social.
A presença das competências socioemocionais no dia a dia é fundamental e pode ter continuidade fora de casa. “A escola deve ter a intenção de desenvolver e pensar nas suas atividades diárias para desenvolver as competências, assim como os educadores precisam ter o mesmo cuidado que os pais, pois as crianças se apegam a estes modelos. Todos devem ser preparados para dar o exemplo”, complementa Luciana Patrocínio.
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